quinta-feira, 10 de novembro de 2011

AMOR AO POETA DO POVO










O homem que eu amo, ainda,
tem olhos pra abraços ternos
de amigos na beira dos bares,
sorrisos pra praça pública
que é palco de populares,
palavras que não machucam
e brilham com a multidão.


O homem que eu amo, então,
venera as ruas e as gentes,
cultiva as suas histórias,
me abre a cortina do palco
aonde desfila a memória
do que ele aprendeu a chamar
de pátria, povo e nação.


O homem que eu amo, logo
me conta quem passa e quem chega,
me aponta onde os grandes decidem,
me acena onde os poetas brilham,
me explica que lá é assim...


O homem que eu amo, nem
bem sabe o poeta que é,
não os de caneta e tinta,
nem os de jornais e papéis.


Mas poeta, sim!
todo o tempo, pra mim.
Escrevendo imagens nos olhos meus,
tecendo rimas nos ouvidos meus,
me deixando grávida da poesia
e prenhe de vida o desejo meu.


E eu ouço esse homem que eu
ainda, logo e então,
amo, sem quando ou porquê,
mas sei e sinto o como.
Como nunca, digo pra ele.
Como sempre, sussurro pra mim.


A poesia da vida é assim:
onde o amor em passeata chegou
de estandarte empunhado na mão,
no meio do povo, com os pés no chão.


Poema inspirado no livro de poesias "O Povo escreve a História nas paredes", de Mário Lago, no ano do seu centenário.