sábado, 19 de maio de 2012
Som absoluto
de que matéria serão
feitos alguns silêncios?
o que ali houve então
no entre-dizer,
melodia inaudível
em acorde tão novo,
criado pelas quatro
mãos dos pianistas?
em que dia, em que hora
se tocaram no espaço,
distante e outro,
enlaçadas elas,
qual mãos tateantes
as notas tão belas
se ninguém as ouvia?
não sabem, inocentes,
estranha composição
já acordou as estrelas
unindo a arabesque
às coloridas absides.
e que importa se o silêncio
assim, para sempre, será?
ou se as vibrações sonoras
irão encontrar
num canto qualquer da matéria
acolhida e abertura
e encarnar o som
de tamanhas alturas?
importa, sim, salvar
o instante perdido,
saturado de agoras,
de um sublime destino
de uma linda história.
o gesto que apresenta
cada um, sem tolices,
sua beleza e glória.
e que importa, por fim,
são muito mais que memória!
se conhecem? sim!
delicada-mente.
tempo que era
prétério imperfeito,
mas que ser(ia)
mais-que-perfeito, ainda além.
olhai, estrelas!
e contemplai o amor,
presença e ausência,
a distância a que brilha!
e a eternidade deleita
e de onde a vista alcança
mas nunca se turva.
Ritmo e ar
Arritmia:
.ar-ri-ti-mia.
vai rir de mim
mas falta ar
no peito um ga-
tinho que mia.
Há risco em vida
mal vivida,
desmedida.
Sem pulso ou ritmo que embale
ou cale a voz que é muda e silencia.
Al-for-ria!
A(h)deus!
Sorria...
.ar-ri-ti-mia.
vai rir de mim
mas falta ar
no peito um ga-
tinho que mia.
Há risco em vida
mal vivida,
desmedida.
Sem pulso ou ritmo que embale
ou cale a voz que é muda e silencia.
Al-for-ria!
A(h)deus!
Sorria...
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