sexta-feira, 18 de março de 2011

POEMA FEIO



não vai ser bonito, não
não vai, o poema e os
cacos, estilhaços, espelho
de alice, não,
só foi você quem disse


quem feriu fui eu, fui
não foi a adaga,
o punhal e a noite fria,
era eu, era
tudo eu
o que doeu


o azul, o céu, o escuro
escureceu, quando
refletida e invertida,
fragmento, pedaço, tudo
de horrível e cortante e vil
o aço da palavra, enfurecida,
que fez ferida
era meu
todo meu


o poema, bom e bonito, mais
as palavras, claras e brilhantes, de
fonte límpida, água, diamante, tudo
tudo, tudo
se perdeu


morte, forca, ao
maldito eu
cada-falso, desse
laço, que sem
desembaraço, me desfaço e me
refaço, torpe e vil,
por um ardil, num poema

poema feio, feito tudo
que se viu, que
se serviu e que feriu,
tudo que mentiu,
por um poema, assassinado
assinado

EU.

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