quarta-feira, 9 de março de 2011

Jardim do Éden



Quando acordei e a manhã era sôfrega ainda,
aves em galhardia, com seus gritos cortantes,
gralhando a névoa num céu que os sentidos me entorpecia ,
e irrompendo o véu de uma madrugada tardia,
que de tão lânguida, eu, desfalecia.

Sem forças pra me agarrar a manhã,
que sua mão silente me estendeu,
qual um anjo caído e lançado com mãos de um Deus,
meu corpo quedou e permaneceu.

Num tal jardim do Éden, eu, entre cobras, cipós e serpentes,
me emaranhava em seus apelos e pelos, outrora amantes,
os pássaros com seus cantos suplicantes,
invocatórios, declamatórios de cânticos, sibilantes,
provocando meu corpo, como nunca antes,
a se emaranhar na selva errante.

Que se faça o silêncio,
pois só a mulher escuta
o canto
de um pássaro ferido.

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