Tenho vocação para preces, orações,
contemplações,
recolhimentos.
Quando fiz 5 anos,
disse a meus pais:
"Eu quero é ser freira."
Êxtases místicos já me consumiam,
nas Ave Marias, ao pé da cama da vó,
nas experiências de comunhão
com o absoluto, o incomensurável
com o silêncio, o indizível.
O meu pai ateu, horrorizado,
fez o sinal da Cruz,
3 vezes.
A Minha Mãe, em desconsolo,
jurou me abandonar,
com o padre.
Eu, que sonhava com as freiras, enclausurados do convento,
estremeci
e declinei.
Assediada por fulguracões do Espírito,
tentada a me entregar para ELE....
Oxalá conheci a música
e me entregeuei a escritura.
Só assim sobrevivi.
Em comunhão com o meu espaço e tempo,
contemplei, como fazia em pequena,
a escultura sonora do silêncio,
sua reverberação na minha carne.
Extasiada de transbordamento,
emprestei palavras, cantos e sons
ao inefável, ao indizível.
Hoje compreendo essa vocação,
esse chamamento,
não todo
desvelado.
Nasci para a aventura do pensamento
e, quiçá, das escrituras.
Essa arte do pensamento do SER,
que crie mundos ainda prenhes de
EXistir.
Palavra falada, escritura no espaço,
a esculpir com sonoridades
a carnalidade do verbo
que não encontrava TEMPO
na branca e bidimensional
folha de papel.
Que os bons ventos me tragam
o TEMPO preciso
e impreciso,
pra gestar e parir
a profusão de rebentos
que agora pedem passagem
lugar e nome e certidão de nascimento.
Um comentário:
Karen, adorei o seu transbordamento...já conhecia estes seus apelos da alma, mas fico feliz e entusiasmada pelo seu encontro intimo com a sua arte! Beijos parceira, que as vibrações do Bem nos cheguem sempre... Rita
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