domingo, 1 de abril de 2012

NOITE DESENLUARADA



Caminhei por horas sozinha
à beira do mar,
mas sem ver o céu,
... sem ouvir o mar.

Seguia minhas pegadas
e perdia tanto tempo,
enfestada de dúvidas,
povoada de lamentos.
Acompanhada de más companhias,
tantos e tantos pensamentos.

Não sei bem o que foi, então,
se uma rajada de vento,
e perdi o prumo talvez,
ou , quem sabe, a escuridão da noite,
que se avolumou,
e me clareou por dentro.
Mas o fato é que calei-me
e por muito tempo
fomos só tu e eu.
Eu, arrepio e gozo,
finalmente presença.
E tu, definitiva,
a falta que constitui
o espaço aberto em meu corpo,
lugar justo ao abrigo
da minha alma, em tormento.

Tu, querida amiga
forma bela, esculpida
no seio da linguagem que fala
e trouxemos, juntas, à luz.
Estrela longínqua, para sempre
presença luminosa de uma ausência.

Mãe também e amiga,
que me pariu na carne
das tuas palavras,
que me gerou da carne
das minhas palavras.
Este momento é para ti.
Brindemos nós aqui e ainda
às lindas noites desenluaradas,
em que juntas, contaremos histórias
e vencerermos o tempo
e algumas longas madrugadas.

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